E aí pessoas? Tudo bem com vocês?
Fiquei pensando esses dias sobre coisas esperadas mas que no fundo são totalmente inesperadas e causam “surpresas” na nossa vida, mesmo esperando aquele resultado.
Não lembro se contei para vocês que minha tia estava doente.. acho que não...
Bom... ela descobriu um câncer em 2019, o tratamento foi um sucesso, mesmo sendo via hospital público, que aliás, o SUS não deixou nadinha a desejar, muito pelo contrário. A equipe médica e a enfermagem que cuidou dela, foram sensacionais! Tudo saiu bem rápido, o Universo conspirou muito muito muuuito a favor das necessidades dela naquele momento.
Ela fez a cirurgia, fez radio, quimio, enfim... todo o tratamento foi feito sem maiores intercorrências. E ela ficou bem por 1 ano e meio. E nesse período ela conseguiu se aposentar, mas preferiu continuar trabalhando mesmo assim para ter uma atividade ao invés de ficar em casa coçando.
Pois em dezembro de 2020, ela começou a reclamar de um cansaço meio fora de hora, falta de apetite e um pouco de desânimo. Em janeiro de 2021, ela resolveu sair do trabalho para se cuidar e descansar um pouco.
Em fevereiro do mesmo ano, mais precisamente no dia 14, ela estava em casa e eu mostrei a ela meu alongamento de cílios e conversamos. Ela estava aparentemente bem. Me elogiou do jeito dela, ahha explico, sempre que ela elogiava, ela seeeeeeeempre vinha com algum comentário que podia ter sido deixado pra lá. Por exemplo, a mesma coisa dizer pra uma criança em idade escolar assim: uau! Parabéns, tirou 10 na prova! Bom, não fez mais que a obrigação!
Era assim sempre que eu recebi os elogios dela.. um carinho e um tapão no meio da fuça! Ahauhaua Mas isso eu já tinha me acostumado né.. a vida inteira dela também foi assim.
Depois do dia 14 de fevereiro, ela piorou violentamente. O tumor cresceu de uma forma muito agressiva e os médicos deram um prognóstico nada animador.
Pois vocês acreditam que foi uma luta pra gente convencê-la de que tinha que ir às consultas mesmo assim? Ah! Muitas coisas que escrevi acima, não foi falado direto pra mim não. Ninguém me contava nada aqui porque eu sempre brigava. Brigava porque a impressão era de: ahhh ela quer desse jeito... deixa assim... Ahhh por favor, né?
Brigava mesmo!! Tanto que tive que brigar pra ela ir para o UPA porque ela estava passando mal. Mas o que ela fazia? Ela ligava pra minha mãe (que é hipertensa!!!) pra ir lá. Depois desse dia eu descasquei o abacaxi e mais a quitanda inteira!! E assim ela foi pra lá ser atendida. E de bico pra mim, tá? Nem liguei. Só fiz o que achei que era necessário e faria de novo!
Depois desse dia, ela deu uma leve melhoradinha, mas com o crescimento do tumor, ela teve que fazer traqueostomia e se alimentar por sonda. Minha outra tia fazia a comida pra ela todo santo dia. E a minha tia doente reclamava hein? Pqp! Não dava pra crer nisso!
E os dias foram passando e passando e ela enfraquecendo, até que chegou o momento de cair na real e pedir internação pra ela no hospital para ter um conforto maior e com mais cuidado especializado.
Confesso que relutei em ir visitá-la. Fui egoísta? Acredito que de certa forma sim, porque por mais que eu tenha brigado muito com ela sempre, eu não estava preparada para vê-la em uma cama de hospital, sem poder falar ou se mexer e à base de morfina.
Larguei meu egoísmo de lado e fui vê-la. Uma amiga minha me ajudou a eu decidir por ir porque ela passou pela mesma situação com a irmã dela e ela me disse: Simone, eu preferi aproveitar cada dia que a minha irmã ainda estava viva mesmo que às vezes ela não nos reconhecesse. E assim no dia seguinte, eu fui ao hospital e fiquei lá por 1 hora e meia ao lado dela.
Segurei o choro** o máximo que eu pude. E fiquei falando minhas groselhas pra ela como sempre fiz mas com uma bolota gigante na garganta.
**gente... chorar de máscara é um saco! Então foi melhor segurar mesmo. Fiquei ranhenta, credo.
Eu a visitei numa terça-feira e ela foi embora na sexta de manhã, da mesma semana.
Eu, minha mãe, minha tia e o namorido dela esperávamos todos os dias uma ligação do hospital. Mas era um esperado que incomodava, um esperado que a gente não queria, mas que não teria jeito.
Diferentemente de um esperado positivo e feliz de um resultado de uma prova, de uma entrevista, de um nascimento, que é cheio de expectativas, esperanças e emoções boas, o nosso “esperado” era dolorido, triste que por um lado trazia um certo “conforto” por ela descansar, para nós era um esperado inesperado.
Quantas vezes esperamos por alguma coisa e o inesperado acontece? Quantas vezes nos surpreendemos por aquilo que esperamos... ou não?
E hoje, dia 7 de maio, completa-se 1 ano de sua partida... e que por vezes, essa partida ainda doi aqui dentro..
É.. a vida ... quanto menos esperamos, o inesperado acontece..
Fiquem bem! Cuidem dos seus! Cuidem-se!
Beijo...
Meus sentimentos! Quando minha melhor amiga ficou com câncer, meu mundo caiu, ve-la sem cabelo, foi difícil. Mais eu ia lá, quando ela veio pra casa só pra bagunçar a careca dela, e falar muita groselha. Até que a irmã muito mimada e egoísta, me proibiu de ir ve-la e queria proibir o namorado dela também. Isso foi o meu inesperado! O egoísmo do ser humano num momento de tanta dor para todos. Ela faleceu em poucos meses 2 dias depois do dia dos namorados. Foi assim que fui parar no Vale rsrs o meu 2° inesperado, a fé me salvou da tristeza profunda. ....